CPI das Armas: empresas de vigilância do Rio têm um efetivo maior que o
da PM
- Rio de
Janeiro
Da Agência Brasil
As
230 empresas de segurança privada que atuam no estado do Rio de Janeiro concentram
uma tropa armada de 54.224 vigilantes, um número maior que o da Polícia
Militar. Segundo a PM, o efetivo de policiais ativos é de 46.619. Esse dado
chamou a atenção do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das
Armas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), Carlos Minc. “A
conclusão que a gente chega é que nós temos um exército de pessoas, que é maior
que a PM, que tem armas de menor poder ofensivo e que são diariamente roubadas
numa proporção muito maior do que da Polícia Civil ou militar”.
Minc
observou também que sete empresas de segurança privada concentram mais da
metade de armas desaparecidas na capital fluminense, de janeiro de 2011 a agosto
de 2015. Das 854 armas sumidas, 451 pertenciam a elas. A CPI vai investigar a
causa dessa concentração de desvios nessas sete empresas. Além disso, elas
foram responsáveis pelo desvio de 4.384 munições.
Segundo
Carlos Minc, a suspeita é de que algumas das empresas poderiam ser usadas pelo
tráfico para o desvio de armas. “Eventualmente, algumas delas podem servir como
entreposto, onde as armas passam por ali e chegam ao crime. As firmas de
segurança privada, com as regras atuais, acabam sendo um caminho de passagem de
milhares de armas e munições das mãos dos vigilantes para os criminosos. Isso é
uma epidemia.”
Apesar
disso, ao falar na comissão, o chefe substituto da Delegacia de Controle de
Segurança Privada (Delesp) da Polícia Federal, delegado Marcelo Daemon, disse
que lei de segurança privada (Lei nº 7.102/83) precisa ser atualizada. Segundo
ele, a legislação atual limita o trabalho da Delesp. “A nossa atuação é,
exclusivamente, no campo administrativo. Então, quando se dá falta de uma arma
ou de uma munição no interior de uma dessas empresas, nós não temos a
atribuição para investigar no âmbito criminal”, afirmou.
A
Delesp fiscaliza e controla as empresas de segurança privada, em todos os segmentos:
transporte de valores, segurança patrimonial, segurança pessoal e privada, além
das escolas de formação de vigilantes. No entanto, a área de atuação ocorre
somente no município do Rio de Janeiro. Nos outros municípios do estado, a
atuação é distribuída entre as delegacias da Polícia Federal de Nova Iguaçu,
Volta Redonda, Macaé, Niterói e Campos dos Goytacazes.
“Caso houvesse
mudanças na legilação, nós poderíamos criar mais mecanismos: para o controle da
munição de forma automatizada, para a marcação das armas, para pensar em outros
segmentos dentro desse serviço. Então, nós poderíamos pensar em uma maior
influência do estado dentro dessa atividade”, acrescentou Daemon
Armas desviadas de agentes penitenciários
Armas desviadas de agentes penitenciários
Segundo o relatório enviado para a CPI pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), 41 armas foram roubadas, furtadas ou extraviadas da Seap, de 2005 a 2015. É um número menor quando comparado com os desvios de armas, por exemplo, da Polícia Civil e da Polícia Militar: 1.049 e 679, respectivamente.
O corregedor da Seap, coronel Wolney Dias Ferreira, disse que o número de agentes penitenciários é também menor (cerca de 5 mil) e de armas (cerca de mil) em poder da Seap. “A arma está na unidade prisional, o agente a usa quando ele está em serviço, e a maioria das armas é usada em serviço. Então, ele não se desloca com a arma.”
Edição: Aécio
Amado
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