Tecnologia
pode migrar dos metais para o carbono
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 02/10/2017
Será que
a tecnologia se desviará de sua rota inicial tipicamente metálica?
[Imagem: Cortesia Paramount Pictures/Divulgação]
De volta às origens
Quando a sonda espacial Voyager, que mal acabou
de completar 40 anos e ainda está na borda do Sistema Solar,
finalmente retorna à Terra, já evoluída, ela se tornou o núcleo central, o coração,
de uma nave imensa, além de qualquer tecnologia já pensada pelo homem.
A Voyager, então conhecida como
V'Ger, incorpora uma parcela de sua humanidade original, e retorna em busca de
seu Criador. Contudo, pura tecnologia que se tornou, ela não reconhece os
humanos, e nos chama de "unidades carbono", muito diferentes da
tecnologia fria e metálica em que baseia sua existência - tanto estranha que
acha que as unidades carbono estão "infestando" a nave Enterprise.
Mas pode ser que, ao menos no
caso desse longa-metragem histórico da série Jornada nas Estrelas, a vida não
imite a arte, e a tecnologia não prossiga divergindo das unidades carbono que a
criaram.
Tecnologia à base de carbono
Da virada do milênio para cá, tem
havido um desenvolvimento crescente de materiais à base de carbono que têm tudo
não apenas para substituir as atuais tecnologias "metálicas", como
também para dar um salto qualitativo em relação a elas. Os nanotubos de carbono e o grafeno são apenas a face
mais conhecida desses nanomateriais, que se tornaram a base da eletrônica orgânica.
E vários desses materiais já
podem representar uma alternativa viável para alguns dos principais
"metais tecnológicos", com vantagens não apenas técnicas, mas também
econômicas, já que vários desses metais têm problemas crônicos de escassez
porque são muito raros na Terra.
Rickard Arvidsson e Bjorn Sandén,
da Universidade Chalmers, na Suécia, identificaram 14 metais que aparecem no
topo de duas listas: uma lista de importância tecnológica e uma lista de
escassez. São eles, em ordem alfabética: antimônio, berílio, cromo, cobalto,
gálio, germânio, ouro, índio, nióbio, platina, prata, tântalo, estanho e
tungstênio.
Depois de checar as aplicações
tecnológicas de cada um, eles vasculharam a literatura científica e as patentes
em busca de materiais à base de carbono que poderiam substituir cada um deles.
A conclusão é que 13 metais da
lista não apenas podem ser substituídos por materiais de carbono já conhecidos
e em desenvolvimento, como de fato alguns já estão passando por esse processo
de substituição.
O caminho oposto também parece ser possível: sair
do carbono e pensar em uma vida à base de silício.
[Imagem: Lei Chen/Yan Liang/Caltech]
Tecnologia mais próxima à vida
Existem possíveis soluções para
substituir os metais com nanomateriais de carbono para todas as aplicações
pesquisadas, exceto para o ouro em joias, dizem os pesquisadores - ainda que,
afinal de contas, joias não sejam reconhecidas como uma aplicação tecnológica.
Os metais que estamos mais próximos de poder substituir são índio, gálio,
berílio e prata.
"Existem soluções
tecnológicas potenciais para substituir 13 dos 14 metais por nanomateriais de
carbono em suas aplicações mais comuns. O desenvolvimento da tecnologia está em
diferentes estágios para diferentes metais e aplicações, mas, em alguns casos,
como o índio e o gálio, os resultados são muito promissores," disse
Arvidsson.
"Isso traz esperanças. No
debate sobre restrições de recursos, economia circular e manuseio de materiais
pela sociedade, o foco tem sido a reciclagem e a reutilização. A substituição é
uma alternativa potencial que não tem sido explorada na mesma medida e, com as
questões de recursos se tornando mais urgentes, nós agora temos mais
ferramentas com que trabalhar," completou Sandén.
A grande vantagem na substituição
é que, em vez de procurar minas cada vez mais profundas e usar técnicas nem
sempre ambientalmente amigáveis para extrair os metais raros de minérios muito
pobres ou como subprodutos de outros metais, o carbono pode ser reciclado da
própria biomassa, criando um ciclo produtivo mais próximo do ciclo natural da
vida na Terra.
"Os nanomateriais de carbono
são uma descoberta relativamente recente, e até agora o conhecimento é limitado
sobre seu impacto ambiental na perspectiva do ciclo de vida. Mas geralmente
parece haver um potencial de baixo impacto ambiental," finalizou
Arvidsson.
Bibliografia:
Carbon nanomaterials as potential substitutes for scarce metals
Rickard Arvidsson, Björn A. Sandén
Journal of Cleaner Production
Vol.: 156, 10 July 2017, Pages 253-261
DOI: 10.1016/j.jclepro.2017.04.048
Carbon nanomaterials as potential substitutes for scarce metals
Rickard Arvidsson, Björn A. Sandén
Journal of Cleaner Production
Vol.: 156, 10 July 2017, Pages 253-261
DOI: 10.1016/j.jclepro.2017.04.048
E vários desses materiais já
podem representar uma alternativa viável para alguns dos principais
"metais tecnológicos", com vantagens não apenas técnicas, mas também
econômicas, já que vários desses metais têm problemas crônicos de escassez
porque são muito raros na Terra.
Rickard Arvidsson e Bjorn Sandén,
da Universidade Chalmers, na Suécia, identificaram 14 metais que aparecem no
topo de duas listas: uma lista de importância tecnológica e uma lista de
escassez. São eles, em ordem alfabética: antimônio, berílio, cromo, cobalto,
gálio, germânio, ouro, índio, nióbio, platina, prata, tântalo, estanho e
tungstênio.
Depois de checar as aplicações
tecnológicas de cada um, eles vasculharam a literatura científica e as patentes
em busca de materiais à base de carbono que poderiam substituir cada um deles.
A conclusão é que 13 metais da
lista não apenas podem ser substituídos por materiais de carbono já conhecidos
e em desenvolvimento, como de fato alguns já estão passando por esse processo
de substituição.

O caminho oposto também parece ser possível: sair
do carbono e pensar em uma vida à base de silício.
[Imagem: Lei Chen/Yan Liang/Caltech]
Tecnologia mais próxima à vida
Existem possíveis soluções para
substituir os metais com nanomateriais de carbono para todas as aplicações
pesquisadas, exceto para o ouro em joias, dizem os pesquisadores - ainda que,
afinal de contas, joias não sejam reconhecidas como uma aplicação tecnológica.
Os metais que estamos mais próximos de poder substituir são índio, gálio,
berílio e prata.
"Existem soluções
tecnológicas potenciais para substituir 13 dos 14 metais por nanomateriais de
carbono em suas aplicações mais comuns. O desenvolvimento da tecnologia está em
diferentes estágios para diferentes metais e aplicações, mas, em alguns casos,
como o índio e o gálio, os resultados são muito promissores," disse
Arvidsson.
"Isso traz esperanças. No
debate sobre restrições de recursos, economia circular e manuseio de materiais
pela sociedade, o foco tem sido a reciclagem e a reutilização. A substituição é
uma alternativa potencial que não tem sido explorada na mesma medida e, com as
questões de recursos se tornando mais urgentes, nós agora temos mais
ferramentas com que trabalhar," completou Sandén.
A grande vantagem na substituição
é que, em vez de procurar minas cada vez mais profundas e usar técnicas nem
sempre ambientalmente amigáveis para extrair os metais raros de minérios muito
pobres ou como subprodutos de outros metais, o carbono pode ser reciclado da
própria biomassa, criando um ciclo produtivo mais próximo do ciclo natural da
vida na Terra.
"Os nanomateriais de carbono
são uma descoberta relativamente recente, e até agora o conhecimento é limitado
sobre seu impacto ambiental na perspectiva do ciclo de vida. Mas geralmente
parece haver um potencial de baixo impacto ambiental," finalizou
Arvidsson.
Bibliografia:
Carbon nanomaterials as potential substitutes for scarce metals
Rickard Arvidsson, Björn A. Sandén
Journal of Cleaner Production
Vol.: 156, 10 July 2017, Pages 253-261
DOI: 10.1016/j.jclepro.2017.04.048
Carbon nanomaterials as potential substitutes for scarce metals
Rickard Arvidsson, Björn A. Sandén
Journal of Cleaner Production
Vol.: 156, 10 July 2017, Pages 253-261
DOI: 10.1016/j.jclepro.2017.04.048
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