Quinta da
Boa Vista recebe turistas e manifestação pelo Museu Nacional
Entidades denunciam falta de investimentos em
ciência e tecnologia
Publicado
em 07/09/2018 - 17:38
Por Cristina
Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
O dia de sol e ainda com feriado
de 7 de setembro atraiu o público para a Quinta da Boa Vista, na zona norte do
Rio, mas não apenas para fazer piquenique, andar de caiaque ou de pedalinho no
lago, como de costume para muitas famílias que procuram o parque para se
divertir. Nesta sexta-feira, muita gente foi ao local por causa do Museu
Nacional, atingido por um incêndio que destruiu a maior parte do seu acervo de
20 milhões de peças.
Entidades fazem manifestação e denunciam falta de
investimentos em ciência e tecnologia Cristina Indio do Brasil/Agência
Brasil
Em frente à entrada do museu, uma manifestação
denunciava a falta de investimentos do país em ciência e tecnologia. O diretor
da Associação dos Institutos de Pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e
Informação do Rio de Janeiro, José Benito disse que o ato foi organizado por um
conjunto de entidades da área de educação, memória e ciência e tecnologia. Além
da questão da falta de recursos para essas áreas, segundo ele, a manifestação
também era para chamar a atenção para a ausência de concursos.
“A Ciência e a Tecnologia brasileiras estão
morrendo por causa desses dois pés. A gente não tem verba e o que a gente viu
aqui no Museu Nacional, apesar de tudo que está sendo dito, é isso e a falta de
concursos públicos. Boa parte das pesquisas estão morrendo por causa disso. A
gente já tinha algumas dessas instituições, principalmente, do Rio de Janeiro,
reunidas em uma campanha chamada SOS Ciência e Tecnologia. Com a tragédia de
domingo, procuramos companheiros do Museu Nacional e agregamos outras entidades
e sindicatos e resolvemos fazer esse ato em solidariedade ao Museu Nacional e
contra o projeto de destruição da Ciência e Tecnologia”, disse.
A professora da Escola de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora do CNPq Fernanda
Sanches disse que é preciso transformar o luto em luta pela reconstrução da
memória. Segundo a professora, é preciso ter o reconhecimento de um trabalho
ético e importante da pesquisa no Brasil: “Considero muito bem-vindas as
contribuições de pesquisadores e de museus de outros países, mas é
absolutamente importante garantir o Museu Nacional como uma instituição de
pesquisa e produção de conhecimento dentro da universidade pública em um
projeto de ensino público e gratuito de qualidade”.
Integraram ainda o ato associações dos servidores
do Arquivo Nacional, do Instituto Nacional do Câncer, de professores das
universidades federais do Rio de Janeiro e Fluminense, Sindicato Nacional dos
Funcionários da Fundação Oswaldo Cruz, associações e o coletivo Ocupa Baixada,
entre outros.
Visita
A psicanalista Elzilaine da
Silva, de 40 anos, recebeu logo cedo um convite da filha Cecília, de 5 anos. A
menina queria ir à Quinta visitar o museu. Apesar de morarem em Duque de
Caxias, na Baixada Fluminentes, a mãe contou que as duas vão, pelo menos uma
vez por mês, se divertir no parque. Elzilaine repete com Cecília uma
programação que costumava fazer junto da família, quando era criança, que
incluía visitas ao Museu Nacional. “A gente fica muito mexida com o que
aconteceu, porque o Museu é como se fosse um quintal de casa. Mesmo morando
longe, a gente pega o trem e em 40 minutos está aqui. Estou muito sentida
porque a minha infância toda eu passei aqui. Fazia piquenique com meus pais e
meus irmãos e agora venho com a minha filha”, disse com a voz embargada.
Em dia de feriado e sol no Rio de Janeiro, vários
turistas e cariocas vieram à Quinta da Boa Vista - Cristina Indio do
Brasil/Agência Brasil
Cecília, segundo a mãe, gostava
muito de visitar o Museu. “Ela conhecia tudo aí dentro, cada cantinho. A gente
tem várias fotos guardadas em casa”, revelou.
A menina disse que gostava de
tudo que tinha dentro do museu, mas a sala com os móveis da família real
chamava especial atenção, assim como a dos dinossauros que, mesmo muito
grandes, ela achava “bonitinhos”. Cecília espera que o Museu seja reconstruído logo
para que ela possa voltar a visitar o local.
Jeferson Oliveira, de 41 anos,
mora em São Paulo e acompanhado da filha Maria Eduarda, de 11 anos, aproveitou
o feriado para vir ao Rio e ver como ficou o Museu, que ele conheceu quando
tinha 15 anos. “Foi uma judiação queimar tudo isso. É um lugar histórico para o
Brasil”, contou, dizendo que viu em casa a notícia sobre o incêndio e ficou
triste.
Maria Eduarda está na 5ª série e
apesar de nunca ter ido ao Museu fez questão de conhecer o local. “Eu achei triste
o incêndio porque a história do Brasil foi perdida”.
Missa
Em homenagem ao Museu, às 12h,
foi celebrada uma missa na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no
centro do Rio, em uma iniciativa do pároco Silmar Fernandes. A ideia foi chamar
atenção para a instituição após o impacto do incêndio. Também hoje pela manha,
equipes do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, voltaram ao prédio porque,
segundo relatos, foram detectados alguns focos de fogo no local. Os bombeiros
passaram cerca de 50 minutos no local e saíram, depois de constatarem que não
havia mais sinais de fogo nos escombros.
Saiba mais
Edição: Denise
Griesinger
Tags: Quinta da Boa Vista incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro manifestação Ciência e Tecnologia
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