Pesquisadora
feminista se ausenta de Brasília após ameaças
Publicado
em 20/07/2018 - 22:15
Por Gilberto
Costa - Repórter da Agência Brasil Brasília
A antropóloga Débora Diniz,
professora do Departamento de Direito da Universidade de Brasília, e
pesquisadora em temas feministas do Instituto Anis, residente em Brasília,
deixou a capital federal após ouvir ameaças e agressões verbais.
O destino é desconhecido. A Agência
Brasil apurou que a viagem ocorreu após orientação policial. Em junho,
Débora Diniz prestou queixa na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher
(Deam). Segundo a Polícia Civil, “a investigação é desenvolvida em sigilo”.
Há relatos de que a pesquisadora
recebeu pela internet e ouviu ameaças de morte, foi perseguida após uma
palestra e tem sido procurada na universidade por pessoas estranhas ao ambiente
acadêmico - nem alunos, professores ou pesquisadores.
A pesquisadora do Anis Instituto de Bioética, Débora Diniz, deixou a
capital federal após ouvir ameaças e agressões verbais - Imagem de
divulgação/TV Brasil
Débora Diniz é vítima de assédio
desde a década passada, quando publicou pesquisa sobre aborto por anomalia
fetal. “Mas as ameaças cresceram rapidamente nos últimos meses”, descreve fonte
que pede para não se identificar.
A pesquisadora é uma dos 45
representantes da sociedade civil que participarão de audiência pública no
Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto para discutir a aplicação dos
artigos do Código Penal que criminalizam o aborto provocado pela gestante ou
realizado com sua autorização.
A ONU prestou solidariedade à
pesquisadora em nota que expressa preocupação e “repudia as manifestações
de ódio e ameaças”. A organização afirma que Débora Diniz é “ativista de
longa data pela saúde pública e universal” e “é internacionalmente reconhecida
por seu trabalho (...) em questões relacionadas à saúde e direitos sexuais e
reprodutivos das mulheres".
A Lei Maria da Penha tipifica
violência psicológica e moral contra as mulheres e prevê penalidades. Segundo
dados da Secretaria de Segurança Pública, essas formas de violência foram as
mais recorrentes no ano passado e no primeiro trimestre deste ano (64,5% nos
dois períodos).
Em todo o país, o balanço do
Ligue 180 da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres registra em
2016: 44.630 relatos de violência psicológica (31,8% dos casos registrados) e
8.439 relatos de violência moral (6,01%).
Edição: Carolina
Pimentel
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