Museu
Nacional tenta incluir até R$ 100 milhões no Orçamento de 2019
Recursos seriam para reconstruir o prédio, que
pegou fogo há um mês
Publicado
em 02/10/2018 - 14:06
Por Vinícius
Lisboa - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A direção do Museu Nacional
trabalha para incluir no Orçamento da União de 2019 uma previsão de R$ 50
milhões a R$ 100 milhões para iniciar a reconstrução do Palácio de São
Cristóvão, destruído por um incêndio no dia 2 de setembro deste ano. Em
entrevista coletiva na manhã de hoje (2), um mês após o desastre, o diretor do
museu, Alexander Kellner, disse que os recursos seriam o primeiro passo para
que o museu possa ser reaberto em no mínimo três anos.
Técnicos e pesquisadores "abraçam" o Museu Nacional, que pegou
fogo há um mês - Tomaz Silva/Agência Brasil
"Estamos junto ao Congresso
Nacional vendo a possibilidade de uma dotação orçamentária que seja impositiva
e que nos permita pelo menos fazer uma primeira obra de infraestrutura.
Paredes, teto e coisas assim", disse Kellner, ressaltando que tal valor
não inclui a restauração de detalhes internos mais específicos e abarca toda a
parte externa.
Pesquisadores, servidores e
estudantes do museu fizeram um abraço hoje para marcar um mês do incêndio que
destruiu um rico acervo que incluía coleções científicas conservadas e
estudadas pelos Departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia,
Invertebrados, Vertebrados e Geologia e Paleontologia.
A reconstrução do prédio depende
de um desenho de como será o Museu Nacional do futuro. "Precisamos
entender o que vai ser esse novo prédio. Que tipo de sistema de segurança? Vou
manter espaços vazios altos ou usar mais lajes?', questiona Kellner.
A direção pretende manter o
caráter histórico do palácio e preservar também sua tradição de exposições
ligadas à história natural, mas precisará discutir o que será restaurado e o
que precisará ser modernizado. O palácio foi residência de dom João VI quando a
família real portuguesa veio para o Brasil e abrigou também a família imperial
brasileira. O prédio foi construído para ser uma residência e só se tornou
museu após a
Proclamação da República. Antes de se mudar para o palácio, o Museu Nacional
funcionava no centro do Rio, na Praça da República.
"De uma certa forma, nós prejudicávamos o
prédio, e ele nos prejudicava", resumiu Alexander Kellner. Ele disse que o
Ministério da Educação deve destinar R$ 5 milhões para a elaboração de um
projeto executivo, que será feito em parceria com a Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Enquanto essas ações não começam, a empresa
Concrejato foi contratada para escorar e cobrir a estrutura que restou do
incêndio. A obra começou em 21 de setembro e tem prazo de seis meses para ser
concluída. Com o escoramento, não haverá mais risco de desabamento e poderá ter
início o trabalho de recuperação do acervo que foi soterrado pelos escombros e
queimado no incêndio. Pesquisadores mantêm a expectativa de que parte dos itens
pode ter sobrevivido à tragédia. Já a cobertura é necessária para proteger
essas peças da chuva.
O trabalho de resgate do acervo poderá começar
antes da conclusão da obra, já que os técnicos da empresa e a direção do museu
conversam para liberar parcialmente algumas áreas à medida que o escoramento
avance.
Financiamento coletivo
Outra ação em curso é o
recebimento de doações por meio de uma campanha de financiamento
coletivo para retomar as atividades educativas do museu. Com meta de
R$ 50 mil, a instituição pretende restaurar seu acervo didático para levá-lo a
escolas do Rio de Janeiro.
Segundo a direção do Museu
Nacional, cerca de 20 mil estudantes de 600 escolas visitavam a instituição a
cada ano.
Caso as doações somem R$ 300 mil,
o museu pretende construir um espaço de exposição no Horto Botânico, área anexa
da entidade que não foi afetada pelo incêndio. No local, seria possível voltar
a receber as escolas antes que o museu fosse reconstruído.
Edição: Nádia
Franco
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